No último jogo dos quartos-de-final do Euro 2024 e que possivelmente menos interesse causava ao adepto comum em acompanhar, Países Baixos e Turquia encontraram-se no Estádio Olímpico de Berlim para disputar a última vaga de acesso às meias-finais e assim marcar encontro com a Inglaterra em Dortmund, no dia 10 de Julho.

Os Países Baixos apresentaram-se em 3x2x4x1, com Reijnders e Schouten a serem os pêndulos no meio campo e a libertarem Xavi Simons e Bergwijn para aparecerem nas costas da linha média Turca, na chamada zona 10, enquanto Gakpo dava largura pelo lado esquerdo e Dumfries pelo lado oposto, sendo que cabia a Depay a missão de deambular na frente de ataque como falso 9.

Por sua vez, a seleção Turca entrou em 5x2x3, apostando num bloco médio baixo e procurando transições rápidas após recuperação da bola, atacando o espaço através da profundidade dada pelo seu avançado móvel Baris Yilmaz que ia colocando a linha defensiva dos Países Baixos em sentido, ou com inscursões dos seus criativos Yildiz e Arda Guler, apoiados muitas vezes pelos laterais Muldur e Kadioglu.

Figura 1- Mapa de Passes da Turquia

O jogo começou com uma boa oportunidade para os Países Baixos abrirem o marcador no primeiro minuto, Memphis Depay aparece enquadrado em zona frontal e já dentro da área, mas a finalização não correu como esperado e a bola sai por cima da baliza turca. Este lance poderia premonizar uma primeira parte com vários lances de perigo, mas acabou por ser uma exceção à regra tendo o equilibrio e a divisão reinado durante os primeiros 45 minutos. As equipas iam-se anulando, sobressaindo o processo defensivo turco e a falta de criatividade dos neerlandeses, sendo que o perigo escasseava junto de ambas as balizas. A exceção iam sendo os cantos conquistados pela seleção turca (4) e foi dessa forma, tal como nos oitavos de final, com a Áustria, que chegou ao 1-0, aos 35 minutos: grande cruzamento de Arda Guler, de pé direito, na sequência de um canto, para o central Akaydin, de cabeça, inaugurar o marcador.

A segunda parte trouxe uma alteração na equipa holandesa, com Koeman a plantar um “pinheiro” na densa floresta Turca com a entrada de Weghorst, ganhando com isso uma referência na área e dando liberdade a Memphis Depaypara jogar nas costas do ponta de lança, ao passo que Xavi Simons foi ocupar a posição do substituido Bergwijn, jogando na posição que tem ocupado na maioria dos jogos.

Figura 2-Mapa de Passes dos Países Baixos

Esta alteração ia tendo logo efeito aos 51 minutos, com o gigante avançado neerlandês a tentar assistir Depay, que por centímetros não conseguiu o desvio para o 1-1. Respondeu a Turquia, com Arda Guler a bater um livre direto após falta de Aké, com a bola a embater no poste da baliza neerlandesa. Aos 65 minutos foi a vez de Yildiz rematar forte para defesa de recurso de Verbruggen. O jogo estava mais animado e usando uma expressão portuguesa: Quem com ferros mata, com ferros morre. Na sequência de um canto curto neerlandês, que apanhou a defensiva turca de surpresa, Depay tira um cruzamento com conta peso e medida para a cabeça do central Stefan de Vrij, que sem marcação cabeceia para o golo do empate aos 70 minutos. Os Países Baixos não deram tempo de resposta à seleção turca e passados 6 minutos colocam-se em vantagem no marcador.

Weghorst recebe em apoio frontal, deixa para Xavi Simons que de primeira abre para Dumfries e este a cruzar para Gakpo, que a meias com Muldur faz o 2-1.

A Turquia procurou responder de imediato com o selecionador Vincenzo Montella a mexer na equipa, e foi um desses jogadores vindo do banco de suplentes, que quase garantiu o empate e empurrava o jogo para prolongamento. Aos 85 minutos valeu aos Países Baixos um grande corte do também suplente Van de Ven após remate de Çelik para a baliza deserta. Continuava a Turquia à procura do golo do empate, porém, foi Gakpo a ter uma ocasião, com remate para defesa com os pés de Gunok. Já dentro dos cinco minutos de compensação, Semi Kiliçsoy teve o 2-2 nos pés mas Verbruggen brilhou com uma enorme defesa e garantiu a passagem da seleção neerlandesa.

No meio dos artistas, brilham os guardiões

Num jogo em que ambas as equipas demonstraram ter diferentes elementos com qualidade para fazer a diferença no último terço, saltaram à vista os donos das balizas.

Figura 3- Desempenho de Atividade dos Guarda-Redes

 

 

Mert Gunok apresentou um desempenho superior em “Saves”, atingindo os 3 remates defendidos, indicando alta eficácia nas defesas efetuadas. O guarda-redes turco destacou-se também na métrica de “Foot Saves“, sendo a defesa com os pés ao remate de Gakpo o lance de maior destaque. Mert Gunok teve também uma boa performance em «Positive Decisive Actions“, sendo eficaz em ações decisivas durante o jogo.

Bart Verbruggen destacou-se em «Aerial Duels Won» e «Duels Won“, indicando uma forte capacidade nas disputas de bolas aéreas. O seu desempenho positivo em “Successfull Passes demonstram também a sua importância na primeira fase de construção da equipa neerlandesa.

Para avaliar os guarda-redes enquanto parte ativa do jogo, definimos a métrica AKI ou Active Keeper Index, baseando-se nas seguintes métricas: Positive Decisive Actions, Duels Won, Aerial Duels Won, Claims e Successfull Passes.

De acordo com a métrica AKI, Verbruggen teve uma avaliação de atividade superior ao turco.

 

 

 

Mert Gunok teve um melhor desempenho em remates de curta distância e cruzamentos, com mais 4 defesas que o seu opositor.

 

       Figura 3- Desempenho de Atividade dos Guarda-Redes

Verbruggen mostrou-se um guardião mais interventivo em zonas mais distantes da baliza.

Embora Gunok tenha tido mais intervenção na construção das jogadas (+ 9), Verbruggen teve mais sucesso nos passes precisos (+ 2), refletindo a qualidade de passe demonstrada ao serviço do Brighton.

Com base no Heatmap de ações de ambos os guarda-redes, constatamos que Mert Gunok teve maior rácio de ações em toda a sua área defensiva, sendo que as zonas mais distantes representam a posição na construção de jogo. Bart Verbruggen teve mais das suas ações na sua pequena área, tendo-se afastado para interromper jogadas de perigo mas construíndo em posição mais recuada.
Conforme já verificado e destacado num dos gráficos anteriores, através do mapa de passes é possível aferir o maior envolvimento do guarda-redes Mert Gunok na construção de jogadas da sua Seleção, com destaque para os 3 passes efetuados para a sua zona de ataque, superiorizando-se ao seu oponente. Tendo estado os Países Baixos em desvantagem desde os 35 minutos, a construção de jogo passou a ser mais adiantada no terreno e Verbruggen perdeu preponderância neste momento.

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