No último jogo dos quartos-de-final da Copa América 2024 e aquele que mais expectativa criava, Uruguai e Brasil encontraram-se no Allegiant Stadium em Las Vegas para disputar a última vaga de acesso às meias-finais e assim marcar encontro com a Colômbia em Charlotte, no dia 11 de Julho.

O Uruguai apresentou-se em 4x2x3x1, sua forma habitual de jogar e com o seu 11 mais vezes utilizado, com Federico Valverde a ser o motor da equipa na fase de construção, auxiliado pelo incansavél Manuel Ugarte, tendo sempre por perto de la Cruz e Maximiliano Araujo, cabendo a Facundo Pellistri a missão de dar largura pelo lado direito e acrescentar com a sua criatividade e irreverência, com Darwin Nunez sempre disponível para atacar a profundidade e esticar o jogo dos paisitos.

No lado oposto, o Brasil privado da sua maior estrela e desequilibrador – Vinicius Junior, viu Dorival levantar o dedo e colocar Endrick na “roda”, aposta que viria a não dar frutos com o número 9 a passar completamente ao lado do jogo, perdido no meio da pressão uruguaia. Tal como o Uruguai, também o Escrete apostou no 4x2x3x1, cabendo a Lucas Paquetá e Bruno Guimarães ficarem encarregues de comandar o meio campo canarinho e a Raphinha desenvolver o papel do suspenso Vinicius pela direita, tendo sido através dele que o Brasil explorou a profundidade e tentou agitar o seu jogo.

Os dois extremos madridistas ocuparam a mesma posição nos últimos dois jogos mas com exibições bastante diferentes. Contra a Colômbia, Vini Jr mostrou-se menos driblador que o habitual mas deu-se mais ao jogo no momento do passe, tendo 4 passes para a grande área e 0.82 de Expected Assists.
Rodrygo substitui-o tendo sido mais ousado no drible e mais rematador e tendo ainda prestado um auxílio defensivo bastante relevante em relação ao seu compatriota, com mais duelos ganhos e mais desarmes realizados.


Se fora do coberto Allegiant Stadium o termómetro marcava 43° e obrigava qualquer comum dos mortais a refugiar-se num espaço climatizado, dentro de campo a temperatura também era elevada e a batalha pelo metro quadrado estava ao rubro, com muita intensidade e agressividade em todos os lances e duelos.
Marcelo Bielsa aplicou o seu famoso murderball e os seus jogadores responderam na perfeição, com um ritmo vertiginoso e não deixando a seleção brasileira respirar.
A Seleção Uruguaia teve sempre o processo de jogo melhor definido, com maior simplicidade, procurando sempre jogar a 2/3 toques e utilizando o seu avançado Darwin Nunez como referência, quer seja para receber no pé ou atacar a profundidade, permitindo à sua equipa subir no terreno. Já no processo defensivo, a pressão esteve sempre bem definida, com de la Cruz a definir os tempos de salto entre o bloco médio e o bloco alto, dando o mote para a subida da sua equipa.
Em contrapartida, o Escrete mostrou-se com um futebol mais mastigado e lento, procurando atrair o adversário a subir no terreno por forma a tirar partido de situações de 1×1 na frente, mas o pouco à vontade com bola da sua linha defensiva, aleada à enorme dificuldade em integrar o meio campo ao ataque, juntamente com a falta de criatividade dos seus médios e avançados, tornavam inconsequentes praticamente todos os lances criados.
O jogo teve pouca baliza e os guarda-redes foram praticamente espectadores, com excepção para um lance aos 32 minutos onde Darwin Nunez bem posicionado e dentro da pequena área, faz a bola passar próxima da barra canarinha após cabeceamento. Respondeu o Brasil no minuto seguinte, Alisson pontapeia a bola que encontra Lucas Paquetá e este penteia para Raphinha, que antecipasse ao seu oponente direto e arranca em direção à baliza. Já dentro da área, finaliza com o pé direito para uma defesa eficaz de Sérgio Rochet. O jogo foi-se desenrolando sempre na mesma toada até que aos 73 minutos o árbitro argentino Dario Herrera é alertado pelo VAR para rever a sua decisão e analisar possível expulsão do lateral direito uruguaio Nahitan Nandez. Após verificar as imagens, esteve bem o árbitro em anular o cartão amarelo admoestado e aplicar o vermelho, passando o Brasil a jogar com mais um os restantes 15 minutos úteis, mais os 6 dados de compensação. Embora em vantagem numérica, a seleção canarinha não conseguiu criar nenhum lance digno de perigo, tendo apenas vislumbrado a baliza uruguaia num remate de fora da área de Endrick, para defesa fácil de Sérgio Rochet.
NA LOTARIA DOS PENALTIS, O BRASIL ESBARROU NO ROCHET URUGUAIO
Sem prolongamento, o jogo terminou conforme começou, empatado a zeros e decidido no desempate por grandes penalidades.
Federico Valverde foi o responsável por bater o primeiro pénalti, concretizando em golo a sua oportunidade e dando vantagem ao Uruguai. Pelo Brasil, Éder Militão foi o escolhido para bater a primeira penalidade e viu Sérgio Rochet a efetuar uma boa intervenção, negando assim o golo da igualdade. Seguiram-se Rodrigo Bentancur (Uruguai), Andreas Pereira (Brasil) e de Arrascaeta (Uruguai) na lista de batedores, concretizando todos as suas oportunidades em golo. No lado oposto, Douglas Luiz falhou a sua conversão e atirou ao poste esquerdo da baliza uruguaia, deixando assim a qualificação imediata nos pés de José Gimenez caso este converte-se a sua grande penalidade, algo que acabou por não se suceder com o uruguaio a permitir a defesa a Alisson.
Melhor fez Gabriel Martinelli, que ao converter a sua grande penalidade dava esperança à sua seleção e deixava nos pés de Manuel Ugarte a oportunidade de selar a lotaria e garantir o prémio da qualificação para as meias-finais. O uruguaio não tremeu e com um pénalti clássico, guarda-redes para um lado e a bola para o outro, definiu a passagem da sua seleção que irá disputar com a Colômbia um lugar na final.

Sergio Rochet foi um guarda-redes mais interventivo que Alisson, como mostra a métrica AKI. O uruguaio foi obrigado a realizar 3 defesas sendo que não foram ações de dificuldade elevada como demonstra o baixo valor de Golos Esperados.
Alisson Becker foi obrigado a fazer menos defesas (apenas uma) mas de grande perigo. O brasileiro envolveu-se bastante mais na posse da equipa, tendo realizado 25 passes com sucesso.
Para avaliar os guarda-redes enquanto parte ativa do jogo, definimos a métrica AKI ou Active Keeper Index, baseando-se nas seguintes métricas: Positive Decisive Actions, Duels Won, Aerial Duels Won, Claims e Successfull Passes.
De acordo com a métrica AKI, Rochet teve uma avaliação de atividade superior ao guarda-redes do Liverpool.
Relatório preparado pelos alunos do Sports Data Campus:
Afonso Salazar
https://www.linkedin.com/in/afonso-salazar-dataanalyst/
Diogo Araújo
https://www.linkedin.com/in/diogoaraujo-96/?original_referer=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2F
Tiago Basílio
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