Na primeira partida dos quartos de final do Euro 2024 tivemos um jogo imensamente disputado digno de uma final protagonizada por duas grandes candidatas à vitória final do torneio. Era o jogo de cartaz destes quartos de final e o jogo começou com uma intensidade muito elevada onde houve imensos duelos entre os jogadores, o que levou mesmo à lesão de Pedri que acabou por ser substituído aos 8 minutos por Dani Olmo.

A tentativa de imposição de jogo pelas duas seleções levou a uma performance e índices destoantes do que vinham tendo na competição, sob muitos aspetos do jogo, inclusive no número de faltas com 39 cometidas ao longo do jogo, que resultaram em 15 cartões amarelos e numa expulsão.

A anfitriã, Alemanha, começou disposta no habitual 4-2-3-1 com Leroy Sané e David Raum a merecem nova titularidade no lugar de Wirtz e Mittelstadt como acontecera no jogo dos oitavos de final, enquanto que a Espanha esteve também no habitual 4-3-3. Aparentando maior domínio e mais clarividência desde a primeira parte, mesmo tendo menos posse de bola, a seleção espanhola precisou fugir das suas características para finalizar, fazendo-a muitas vezes de fora da área, mas sem levar muito risco para Neuer, enquanto a Alemanha teve a primeira oportunidade clara para marcar com Havertz a testar Unai Simón.

Como é normal neste tipo de jogos dava a sensação que seria preciso um rasgo individual para quebrar a igualdade e, no começo do segundo tempo, logo aos 51 minutos de jogo, Dani Olmo, através de uma assistência de Yamal, finalizou à entrada da área para abrir o marcador, num remate ao qual Neuer poderia ter evitado, se olharmos para o seu xG de 0,27.

Voltando à infeliz lesão (mais uma) do jovem talento Pedri, a mesma acabou por ser benéfica para a seleção espanhola, visto que Olmo, o substituto voltou a corresponder como tem sido recorrente ao longo de todo o torneio, arrancando uma exibição digna de homem do jogo com um golo e uma assistência. Dani Olmo tem uma capacidade e facilidade de produção no último terço soberba, quer seja no último passe como também no remate, o que já tinha provado sempre que fora chamado neste Euro 2024, com uma bela assistência contra a Albânia no último jogo da fase de grupos e no jogo dos oitavos de final contra a Geórgia, onde foi o primeiro a sair do banco para a Espanha e acabou por ser o trunfo final de Luis de la Fuente, acabando definitivamente com as esperanças georgianas ao carimbar uma grande exibição e o último golo na vitória espanhola por 4-1.

Depois do golo, a Espanha acabou por relaxar em demasia, recuando as linhas e permitindo que a Alemanha tomasse controlo do jogo. Acrescentando isto à substituição de Yamal, aos 63 minutos, que estava a ser juntamente com Olmo a principal fonte de criação e de inspiração espanhola, e ainda às outras substituições já realizadas pela Alemanha (entrada de Wirtz pelo desinspirado Sané, e de Fullkrug) e à necessidade de se recuperar no marcador, fez com que a seleção anfitriã ganhasse força e crescesse, adquirindo volume de jogo, gerando ocasiões de finalização e chances claras de golo, desperdiçando-as, inclusive, com bolas na trave.

A saída de Nico Williams e Morata aos 80 minutos acabou por ser a total entrega do jogo à Alemanha por parte de Luis de la Fuente. Na nossa opinião, o treinador que tem estado a fazer um Euro irrepreensível, tornando a sua seleção a mais forte candidata ao título desde o primeiro jogo contra a Croácia, pecou em abdicar destes jogadores. Isto porque, enquanto que o primeiro, embora já desgastado, estava a ser a única fonte de saída para contra ataque espanhola com as suas estonteantes arrancadas, o segundo estava a fazer um excelente jogo a nível de apoio frontal para a sua equipa, com vários momentos ao longo do jogo em que fora solicitado, com sucesso, para funcionar como pivot e jogar de costas para a baliza mas, sobretudo, a falta de Morata sentiu-se sobretudo na sua habitual entrega no aspeto defensivo e de perturbação da primeira linha de construção germânica.

A saída do avançado do Atlético de Madrid permitiu que a Alemanha apertasse e empurasse a Espanha para a sua área defensiva onde, finalmente, aos 90+1 minutos, numa assistência de cabeça de Kimmich, Wirtz foi capaz de restabelecer a igualdade no marcador.

O tempo extra teve uma melhora da Espanha, com o jogo seguindo as características do tempo regulamentar e, quando parecia se encaminhar para os penáltis, Dani Olmo assistiu Merino que, de cabeça, na pequena área, fez 2 a 1, classificando a seleção espanhola para as semifinais da competição.

Legenda: Mendibil – Unai Simón; Cascante – Rodri; Ramos – Carvajal; Saseta – Cucurella; Ebana – Yamal; Martin – Morata; Arthuer – Nico Williams

Fontes de criação ofensiva

Conforme podemos verificar nas imagens, a Espanha teve uma grande concentração de passes no meio campo como era expectável, como o já habitual Rodri a assumir batuta do meio campo e também com Fabián Ruiz que muitas vezes baixava para fugir à pressão alemã, e funcionava muitas vezes como o elemento de ligação ao ataque, como característico.

A Espanha como tem sido habitual neste europeu continuou a explorar imenso os extremos que têm sido destaque e desafogo, Lamine Yamal e Nico Williams. O jovem do Barcelona voltou a assumir as despesas do ataque espanhol e foi, a par de Dani Olmo, a principal fonte de criação ofensiva no último terço quer atuando mais aberto, dando largura na linha como também nos ‘half-spaces’ atras dos médios alemãos. Também na rede de passes podemos verificar a importância que Laporte tem no processo de construção do jogo ofensivo espanhol, assumindo várias vezes o passe progressivo, com qualidade, quando em comparação com o outro central Le Normand.

 

 

A anfitriã Alemanha, da mesma forma, buscou ter o controlo do meio de campo e teve em Musiala (médio/interior esquerdo), o seu foco nas ações ofensivas e principal fonte de criação e de desequilíbrio no último terço. Já Toni Kroos voltou a ser o principal responsável pela gestão dos ritmos da seleção alemã, sendo o primeiro construtor de jogo caindo no meio dos centrais. Do outro lado, Sané não se mostrou tão participativo e passou uma vez mais ao lado do jogo e não se justificou, uma vez mais, a sua titularidade pelo jovem Florian Wirtz. A seleção alemã teve alguma dificuldade em ligar com o ataque e, como se pode ver na rede de passes, Gundogan, Havertz e Sané não foram muito participativos no jogo, recebendo a bola, em média, muito longe da área adversária e das zonas de perigo. Apenas com a entrada de uma ponta de lança, diga-se tradicional, como é o caso de Fullkrug é que a Alemanha verdadeiramente conseguiu criar perigo à defesa espanhola.

Por fim, uma nota para o grande talentoso Toni Kroos que, como Zidane, poderia ter encerrado a sua carreira com uma
expulsão, após tantos lances passíveis de cartão. Apesar disto, fica a nossa homenagem e agradecimento a este eterno craque.

Relatório preparado pelos alunos do Sports Data Campus:

Felipe Ferreira

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Miguel Lopes

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Afonso Salazar

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